Os conselheiros do Presidente da República recomendam que as autárquicas devem decorrer inicialmente num certo número de municípios na base do princípio do gradualismo, e que devem ser definidos os critérios da sua selecção. Qual é a sua opnião sobre esse assunto?

No meu ponto de vista, as autarquias podem, de certa medida, permitir que o Estado resolva pontualmente as preocupações dos cidadãos, contrariando o regime de Concentração de Poderes num único órgão, actualmente vigente. Embora, sublinhe-se, este poder a que me referi tenha sido legitimado pelo poder que, do ponto de vista constitucional, detém a soberania, mas ainda, de acordo com jurisconsultos, isto em nada abona o Estado Democrático e de Direito que é Angola. Para lá da discussão doutrinário-constitucional sobre o princípio do Gradualismo, um pressuposto legal, há necessidade de se criarem condições jurídico-legais para que as autarquias sejam uma realidade nesta Nação que tem tudo para prosperar.
Eu penso que este assunto é muito sério e carece de muita análise, já que tem a haver com uma governação de aproximação, mas a ver vamos. Daqui a alguns dias iniciarão as discussões públicas sobre o tema, então muitas ideias ainda surgirão sobre este assunto.
O ministro da Administração do Território e Reforma do Estado acusa a UNITA de demagogia e populismo ao opor-se hoje à implementação gradual das autarquias locais. Adão de Almeida afirmou que a UNITA tem memória curta, porque defendeu, em 2010, que a “criação das autarquias obedecesse aos princípios do gradualismo, da legalidade, diferenciação e da participação”.