Pesquisador socio-cultural abre livro sobre a história de Benguela
- GICD admin
- 30 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

O auto-didacta e pesquisador socio-cultural, Joaquim Grilo, foi um dos oradores que animaram a conferência sobre “Benguela plataforma logística nacional e internacional”, tendo reflectido em torno do tema “Benguela como base logística no comércio atlântico”, uma promoção da Universidade Katyavala Bwila.
Movida pelo tema “Benguela como plataforma logística nacional e internacional”, a conferência, que teve como palco a sala de Conferência da UKB, e juntou académicos, governantes e demais interessados, afigurou-se numa oportunidade para o pesquisador esclarecer determinados aspectos relacionados com a história socio-económica e cultural de uma província que, do ponto de vista histórico, atribuiu-se-lhe o cognome de “Benguela: Mãe de Cidades”.
É, precisamente, neste ponto que o malanjino, com profundos conhecimentos sobre a história de Benguela, incidiu a sua abordagem, depois de ter sugerido aos presentes uma viagem histórica à volta da também conhecida cidade das Acácias Rubras, partindo do século XVII ao XIX. Aliás, as primeiras plantas de acácias, disse, surgiram no século XVIII, vindas da Ilha de Madagáscar.

Segundo sustentou, Benguela é tida como “cidade mãe de cidades”, porque foi a partir daqui que emergiram outras regiões de Angola. Ou seja, “os colonos partiram de Benguela para fundarem outras cidades, como Saurino, Bié, Huambo, Caconda, entre outras. Se Benguela não existisse, não teríamos o Waku Kungo e não tínhamos outras cidades do nosso país. O reino de Caconda bebeu da fonte de Benguela. Caconda era aqui no Chongorói”, elucidou.
Continuando a sua locução histórica, Joaquim Grilo, cujo tema contou com a prestigiosa moderação do Professor Doutor Albano Ferreira, reitor da UKB, expôs: “Em 1627, o governador de Benguela tentou conquistar a região do Quilenge. E, quando regressava, foi atacado e morreu”, disse. Sempre com o foco na história, reprovou a ideia de que Benguela, à época colonial, fosse a cidade que mais escravo comercializou. De acordo com o pesquisador, Benguela não era um centro de venda de escravos, mas sim um ponto transitável, porquanto os barcos atracavam e os escravos seguiam viagem a outras regiões de Angola. “Benguela foi uma importante base logística do comércio atlântico nos séculos XVII, XVIII e XIX e, depois, perdeu essa hegemonia”, vindo a recuperar o estatuto em 1928, com abertura do Porto Comercial do Lobito, e com o término de construção do caminho-de-ferro de Benguela, em 1929.

Contrariamente ao que se propaga, elucida o pesquisador, o Museu Nacional de Arqueologia, localizado no recinto da praia Morena, nunca foi um museu de escravos, “mas sim um ponto de alfândega. Concentravam (os escravos) aqui para consequente trânsito”, contou o pesquisador, que tem um livro já concluído sobre a história de Benguela que aguarda apenas pela publicação. Depois de Joaquim Grilo ter apresentado o seu tema, que suscitou acesos debates, o moderador, Professor Doutor Albano Ferreira, sustentou que à universidade cabe guardar e promover a cultura, deixando, deste modo, subjacente a ideia de que a instituição de que é titular do órgão de gestão continuará neste senda de promoção de debates do género.
Terminada que estava a primeira apresentação, o auditório, bastante interventivo, foi igualmente brindado com a segunda abordagem, desta feita, sobre o curso de licenciatura em Engenharia de Gestão Logística e dos Transportes como Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável de Benguela, numa altura em que, curiosamente, o Ministério dos Transportes realiza, na cidade do Lobito, o seu conselho consultivo, estando a redefinir estratégias sobre os transportes em Angola. Nesta mesa redonda, tomaram da palavra os mestres Osvaldo Martins da Cruz e Luís Sérgio Elias, ambos docentes do Instituto Superior Politécnico, orgânica da UKB, sob moderação do mestre Armando Nogueira.
O mestre Osvaldo Martins da Cruz, especialista em gestão empresarial, começou por falar da crise que afecta o país o que, no seu ponto de vista, está a condicionar as empresas de cumprirem rigorosamente os objectivos preconizados. Para o docente, Benguela é um ponto estratégico no que a logística diz respeito, por dispor de infra-estruturas que desempenham um papel preponderante neste sentido. Exemplificativamente, aponta a estrada nº 100, o Porto Comercial do Lobito, Aeroporto da Catumbela, empreendimentos públicos que proporcionam investimentos.
Por sua vez, o professor Luís Sérgio Elias afirmou que, apesar do potencial infra-estrutural de que Benguela dispõe, torna-se imperiosa uma aposta no potencial humano, daí que se implementou, no ISP/UKB, o curso de Engenharia de Gestão Logística e dos Transportes, criado por decreto nº 226/17, de 27 de Abril, ministrado na modalidade presencial: “Este curso funciona em situações não muito agradável”, reclamou, apresentando, entre outras preocupações, a questão relacionada com os laboratórios, docentes e infra-estrutura definitiva.
Texto: Constantino Chivela
Foto: Crescêncio de Brito
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